10 de novembro de 2014

A senha

Eduardo, falecido em outubro de 2000, era solteiro "nato". Tinha três irmãos casados e era o tio querido da família. Faleceu dormindo, sereno, vítima de um infarto.
Já contava 61 anos de idade e morava sozinho, desde a partida dos seus pais. Passava seus dias cuidando das orquídeas e roseiras, como um profissional de jardinagem. Já era aposentado e resolveu fazer disso seu hobby.
Frequentava os cultos da igreja batista, por influência da família. Mas, de repente, começou a colecionar ímãs de geladeira com figuras de anjinhos. Seus irmãos, então, perguntaram:
- Eduardo, você agora acredita nisso? Veja lá, o que está acontecendo! Anjinhos, santinhos não fazem parte de nossa crença, nem são admitidos ou reconhecidos, você bem sabe disso!
Depois de seu falecimento, sua irmã sabendo que ele tinha uma poupança, começou a revirar a casa para tentar encontrar a senha da conta. Ela ia quase todos os dias à casa do irmão, dava comida ao cachorro e conversava mentalmente com ele, a fim de que instruísse, pois o inventário estava para ser efetuado em breve.
Um dia antes da entrega dos documentos ao advogado, ela, desanimada, diante dos anjinhos grudados no armário da cozinha, começou a conversar em voz alta:
-Olha, Eduardo, hoje é o último dia para irmos ao banco, eu preciso achar a senha de sua poupança.
Nesse momento, ela teve uma intuição, uma voz ordenava
- Puxe a cadeira, suba e olhe em cima do armário.
Sem titubear, ela fez o que a voz instruiu e viu um papelzinho empoeirado e dobradinho bem no canto do armário. Trêmula leu arrepiada de emoção: senha banco, em nome de Eduardo Kagis.
Apesar de não acreditar em anjos, um poder maior atuou junto dela para provar-lhe que existe comunicação após a morte.



2 de novembro de 2014

Tragédia no cemitério


O Dr. Perón Autret advertia em seu livro. "Os enterrados vivos", acerca do possibilidade de alguém ser enterrado vivo, vitima da morte aparente, causada por uma crise de catalepcia. 
Conhecedor da tese do médico francês, o Dr. Milton R. Dantas, que durante muitos anos foi Diretor do Instituto Médico Legal, na cidade de Natal – RN, recorda a tragédia do seu amigo J. G. A, vítima de um choque elétrico que o deixou aparentemente morto. 
Durante o velório, sentado ao lado do ataúde, o dr Milton surpreendeu-se com a viúva enxugando, com freqüência, a testa úmida do marido. Discretamente, sem despertar curiosidade, ele lhe toma o pulso e verifica-lhe a temperatura. Não percebeu nenhuma pulsação, no entanto o corpo não estava frio nem a pele apresentava-se cerosa com a característica cor cadavérica.
Sem confessar a suspeita, sugere à desolada esposa a conveniência de adiar o sepultamento, em vez de fazê-lo às 17h, como estava programado. E o enterro só foi realizado na manhã seguinte. Três anos depois, ela manda retirar os restos mortais do marido.
O coveiro, ao levantar a tampa do caixão, surpreendentemente, torna a fechá-lo. Exige a presença do médico legista. Coincidentemente o Dr. Milton encontrava-se no cemitério, como o fazia diariamente na sua condição de médico verificador de óbitos. Levantando a tampa novamente, ele olhou para o interior do caixão. E o que viu nunca mais pôde esquecer. O amigo, a quem visitara durante o velório, encontrava-se emborcado, vestido com o mesmo terno azul ainda em perfeito estado.
O coveiro, com a sensibilidade embotada pela natureza do seu trabalho, volta-se para a viúva e, rudemente, lhe declara apontando para o túmulo vazio.
- Minha senhora, o seu marido morreu aqui dentro.

Autor: José de Anchieta Ferreira, Histórias que não estão na História- RN Gráfica e Editora Ltda.